Leia e ouça: It's not time
Sim, eu sei que é extremamente
ridículo te chamar assim. Ex-futuro. Quando foi que o futuro virou passado? Sei
lá, não me faça perguntas difíceis. Nem me venha com esse seu jeitinho malandro
que eu bem conheço, pra tentar me convencer. Não há mais amanhã para nós. Quer
dizer, é claro que há. Eu cá e você lá, pode ser assim? Um coração pra cada lado... Bom, vai ter que
servir.
Eu não vou me lamentar agora. Pra
falar a verdade, nem tenho muitos motivos pra isso. Não há rancor aqui, não há
nada ruim. Do contrário houve tudo muito bom. O beijo foi bom, o carinho foi
bom, o sexo era bom, a companhia, as risadas. Mas pensando bem era só isso,
sabe?
Não que você seja só isso. Eu acredito
que você seja bem mais. Só que não comigo. E talvez nem seja uma escolha sua...
É só que foi indo, foi rolando, a gente foi se entendendo, a gente foi
gostando, mas gostar não é o suficiente pra levar algo adiante.
Essa história de ir levando e se
curtindo, deu certo com a gente. Por isso mesmo é que eu não quero estragar,
então é melhor que termine enquanto os dois não se machucam, enquanto os dois
ainda conseguem ir as mesmas festas e sorrir bebericando a cerveja enquanto
numa troca de olhares se lembram das marcas de batom, dos lençóis emaranhados.
É melhor que seja assim.
O que eu quero te dizer é que você é
um cara e tanto. E eu, bom, eu sou uma mina e tanto - você sabe que sou
convencida, você sempre ria disso, lembra?. O problema tá exatamente aí, no
exagero. Dois tantos transbordam.
Mas olha, não fica triste não. E
quando lembrar de mim, lembra daquele sorvete de chocolate belga que dividimos
na praça. Lembra que a nossa relação foi tão gostosa quanto aquele sorvete, a
gente se esbaldou, sentiu prazer e foi feliz. A gente aproveitou antes que
derretesse. Mas como todo picolé, chega uma hora que só nos resta o palito.
Eu guardo aquele palito numa caixinha,
assim como guardo você no melhor do meu coração.
Com carinho,
Sua ex-futura namorada
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