sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Eu não estou disponível

 Leia e ouça: If you wanna stay

  Chega aqui, quero te dar um aviso. Sei que talvez a gente já tenha ido um pouco longe demais, mas antes que seja tarde você precisa saber que eu não estou disponível.
  Eu não estou disponível pra viver histórias pela metade, nem pra ser quase-amor de ninguém. Eu só sei ser por inteiro, ser real, ser pra valer. Eu não estou disponível para testes, só fique se tiver certeza; caso contrário vá, não precisa nem se despedir. Também não precisa amar pelo que os outros não amaram, faça apenas por você. Não se preocupe em apagar as lembranças apenas dê motivos para tornar-se mais do que uma simples foto na carteira.
  Não preciso que fique só pra me fazer companhia, meu bem. Eu até gosto de ser sozinha, sabe? Mas se você quiser trilhar este caminho comigo, venha. Serás bem-vindo. Não se preocupe como será se você desistir... Eu ficarei bem, juro. Só não fique por ficar, por favor. Se insistir saiba que sou tão complicada quanto um baralho, mil faces em um só alguém, difícil desvendar, e vicia.
  Nós nunca estamos completamente prontos, eu sei. Mas se ainda estás com medo de entrar numa fria, dê meia volta; será melhor assim. Eu não estou disponível para brincadeiras de menino - só se for pra brincar de lutinha no domingo de manhã- não estou disponível pra cenas épicas de ciúmes, nem pra joguinhos. Eu só quero um amor sem mentiras, sem a obrigação de ser feliz o tempo inteiro, se for ficar não diga que não avisei.
  

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Dedo podre

 Leia e ouça: Inward Journey
– 
Mais uma xícara por favor!
  Sim, mais uma xícara de café, não uma dose de vodca. Depois de você parei de beber, deixei essa mania besta de me embriagar fingindo felicidade. Tenho passado as tardes de domingo naquele café na esquina da casa da sua vó, aquele mesmo lugar onde derrubei um milk shake inteiro so seu suéter de lã azul marinho.
  O café de lá ainda é amargo, tal qual eu ando desde que você deixou as chaves com o porteiro e um bilhete mal escrito dizendo adeus. Seu Antônio me olha com piedade desde então, já o ouvi dizer algumas vezes baixinho enquanto eu passava: "- Deus do céu, essa menina tem é um dedo podre de dar dó..." Pois é verdade Seu Antônio, e se fosse só o dedo tava bom, sabe?
  O que ninguém sabe, nem ele, nem a garçonete sem sal da cafeteria, é que esse tal de dedo podre tem sido a minha única companhia; porque até meu gato "" me levou. Eu sempre fui desastrada, de derrubar milk shake até viver machucada; sempre fiz escolhas duvidosas, mas você dizia que era por isso que tínhamos dado certo. Mas e agora, a gente deu errado né?
  A gente deu errado, e eu já devia ter me acostumado com essa ausência toda, essa falta toda que você me faz. Eu tento, engulo em seco quando troco o canal da TV e tá passando a sua série favorita, mas não ajuda quando a senhorinha do 5°andar me pergunta de você. Minto sobre uma viagem qualquer pra Índia, minto que quando você voltar vamos conhecer a netinha dela e os dois gatos pretos, comer biscoito no sofá... Minto tanto que nem sinto, minto tanto que eu mesma acredito. O sétimo andar agora tem um morador a menos, meu coração uma ferida a mais.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Do lado de cá

  Leia e ouça: Breathe
  Pra falar a verdade, eu nunca quis me apaixonar por você.Porque no fundo eu sabia que me perderia. E foi exatamente isso, acabei me perdendo de você e de mim mesma.Vivi todo esse tempo me equilibrando numa linha tênue entre o "sim" e o "não", brincando de trapezista com os meus próprios sentimentos.
  Fui morrendo aos pouquinhos sem me dar a chance de lutar, sem perceber que havia outra saída. Me afogando num mar de decepções e disfarces; sucumbindo ás minhas mentiras diárias. Acomodada e ao mesmo tempo cansada, por um fio consegui resistir.
  Como quem tira a cabeça da água para respirar, redescobri um mundo fora da redoma. Um mundo de gente de verdade, sem aquele silêncio ensurdecedor. Um passo pra fora, e já foi possível sentir a vida invadir meus pulmões novamente. E num dia qualquer quero que você me dê a mão, quero que venha pro lado de cá também. Quero que você possa sentir o vento no rosto, e a alegria que essa vida pode dar

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Aquilo que você precisa saber

  Leia e ouça: Just so you know
 Me perdoe, querido, por não dizer isso olhando nos seus olhos. Perdoe-me também por não ser a garota que sua mãe sempre desejou pra você, peça perdão á ela por mim ? Me perdoe por ter deixado as coisas terem ido tão longe, e te deixar assim sem saber o que fazer.
  Eu consigo imaginar você lendo esta carta idiota, consigo ver as lágrimas correndo pelo seu rosto e desembocando na sua barba, sempre tão linda. Perdoe-me por ter sido tão covarde, e fazer isso justo com você, talvez um dia eu consiga me perdoar também.
Eu sei, você deve estar se perguntando o que a gente fez de errado. Culpando você mesmo por ter esquecido nosso primeiro aniversário, talvez. Mas saiba que não foi por nada disso.
  Não foram os seus erros ou os meus. Não foi o seu beijo, nem o seu cheiro, relaxe. Seu perfume é o melhor do mundo todo, melhor até do que o cheiro de cookies no forno, e seu beijo, só Deus é que sabe o que acontecia dentro de mim quando você me beijava. É que eu sinto, que eu não caibo mais aqui. Desculpe-me por ser tão direta, sei que isso pode ser um defeito e tanto, e nós vivíamos brigando por isso, a minha eterna falta de pudor com as palavras. Desculpe não mudar.
 Sei que você fazia planos pra nós, sei que você também abriu mão de muita coisa por mim. Desculpa eu não ter sido capaz de fazer o mesmo, eu nunca serei boa como você. E é isso que você precisa saber. Eu não sou boa, nem pra você, nem pra mim, nem fui pra nenhum outro. Sou teimosa demais pra dividir meu coração, entende? Eu sei que você nunca exigiu nada, nunca cobrou nada, e entendia toda a minha frieza, respeitava. É por isso, que mesmo  pra um coração-de-pedra como eu, dói tanto me despedir de alguém como você.
 Eu sou cabeça de vento, dessas que faz as coisas sem pensar. Mas eu juro- e não sei se isso é pior ou melhor- pensei muito antes de te dizer adeus. Eu sou o tipo de pessoa que magoa as pessoas sem querer, como você, agora. Mas se eu soubesse que acabaria assim, eu teria feito do mesmo jeito. Isso também é um problema, eu não me arrependo.
  Você precisa saber que eu sou uma cretina, não mereço seu amor, não mereço aqueles bombons que você mandava no meu aniversário, nem mereço que você se lembre de mim amanhã. Mas você também precisa saber que eu te amo, e que isso é a única coisa boa em mim. 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Como sentir sem ti?

Leia e ouça: Goodbye my lover
   Ela tem duas jabuticabas nos olhos e um coração no lugar da boca. Ela tem uma estrela desenhada na nuca e uma poesia traçada no peito. Tem no beijo o sabor de menta de um enxaguante bucal desses que fazem propaganda na televisão; tem os cabelos da cor do mel, do qual qualquer abelha rainha teria inveja.
  Dorme feito um anjo no sofá velho da minha sala desarrumada, e quando acorda dá o sorriso mais lindo do que o pôr do sol de inverno. Carrega na alma mais sonhos do que Fernando Pessoa, e tem o atrevimento de meter o pé na vida pra realizá-los.
Cantarola Amy com todos os vidros abertos enquanto dirige, e ouve com o choro engasgado Elis Regina.
  Fez rabiscos de um futuro pra gente num guardanapo de papel, pregou no espelho do quarto e disse que ia encarar a vida. E foi. Me deixou aqui agarrado com o travesseiro, e a  manta que guarda o cheiro dela no sofá. Largou tudo e foi viver seus sonhos, levou o meu. Ela era o meu sonho bom, no meio de todo esse pesadelo. Era o colorido dessa cidade cinza, e agora eu me pergunto se esse vazio um dia acaba, se é possível, Marina, sentir sem ti...

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Nó de nós


   Ei amor, o céu tá mais azul hoje. O dia tá mais bonito, essa gente doida tá mais feliz. Tudo isso porque hoje é nosso dia.  Hoje o dia é nosso, não que os outros não fossem, todos os meus dias podem ser seus se você quiser. Mas hoje é especialmente nosso. Hoje é dia de preparar aquele brigadeiro pra comermos na panela ainda quente, assistindo um filminho besta na televisão velha do seu quarto; hoje é dia de deitarmos juntos na grama pra contar as estrelas e fazer planos de um futuro incerto, uma casa de janelas brancas, um cachorro na varanda e as crianças nos acordando cheias de manha. 
  Hoje é dia de eu te ouvir contando pela milésima vez o quanto foi difícil você chegar naquele bar do nosso primeiro encontro. É dia de me afundar no seu abraço e deixar você me ensinar com beijos que o amor é muito mais que quatro letrinhas arranjadas.
 
  Hoje eu quero ser a poesia que você lê no metrô, ser sua fuga do trabalho, seu remédio, ser motivo de uma noite bem dormida.
Só por hoje eu nem quero pensar nas contas que temos pra pagar no fim do mês, minha única dívida hoje é com você, pra ser todo o amor que você buscou na vida. Só hoje eu quero fugir desse mundo, e viver de nós. Ser feito nó em você, pra não te deixar escapar nem por um segundo sequer.


domingo, 17 de agosto de 2014

Tudo o que nós dois poderíamos ter sido se não fôssemos você e eu

E aí a ficha cai. Ela sempre cai.
    Eu não sou de reclamar da sorte, mas hoje praguejei aos sete ventos o quanto eu  era azarada, só por ter te visto.
Caramba, com tantas pessoas pra se encontrar, justo você? Mas foi só por um momento, eu juro. No instante seguinte, quando você já estava virando a esquina eu me dei conta de que tudo mudou. Ali, da janela do ônibus, eu me senti forte. Parece bobagem, eu sei, mas eu não achava que me sentiria assim de novo na vida.
   
Me senti em paz novamente. Novamente, não. Eu nunca tinha me sentido assim. Eu sempre fiquei imaginando, como seria quando a gente se reencontrasse por aí; se eu ia conseguir me segurar e não pular em você, se eu ia sofrer, ou seria indiferente. Mas não foi nada disso. Foi tão natural, que na verdade eu só me dei conta mais tarde. Te ver seguindo sua vida quase tão bem quanto eu, me fez sentir uma pontinha de orgulho. Estranho né? É sim, eu sei.
   É um orgulho bobo, quase materno, de saber que fomos adiante, sabe?
Que a tempestade passou. Hoje, eu não escrevo pra me lamentar, ou pra enumerar tudo o que nós dois poderíamos ter sido se não fôssemos você  e eu. Nós fomos sim. Fomos o que pudemos ser. Sem exigir nada além um do outro.
  De hoje em diante eu me permito sentir saudade. Mas será uma saudade sem cobranças, sem dor, ou arrependimento. Sem questionamentos, sem tentar elaborar mil e uma explicações possíveis pra termos chegado até aqui.
Ou melhor, termos chegado você aí e eu aqui.
   Ao contrário do que muita gente diz, nós não fomos um erro.
É muito simples, certas coisas são feitas pra durar, outras não. Nós dois fomos destes, que de tanta intensidade não se cabem mais.
 

sábado, 16 de agosto de 2014

Dona

Leia e ouça: Fancy (Acoustic Cover)
 
  
Olhos azuis, olhos de lince emoldurados por um traço seguro; como ela.  Pura e simplesmente a garota da festa, a dona do beijo com sabor de cereja. E foi ela quem roubou meu copo, num gole só tomou mais da metade, engoliu como  se fosse água toda a minha inocência. 
O vestido preto lhe caiu perfeitamente, mas passei a noite toda  imaginando-a sem - eu confesso-  as banais andorinhas tatuadas na nuca me chamavam pra voar com ela dali o mais rápido possível. E ela, nem aí.
  A música ela sabia de trás pra frente, e eu começara a decorar –e adorar- os movimentos de seus quadris.  O ritmo, as cores, tudo naquela sala parecia feito pra ela. Só pra ela comandar.
Era da liberdade, nem precisava dizer, a liberdade e ela dançavam de mãos dadas. A coragem, sua melhor amiga, saía pela sua voz. Rouca, tão intensa que quase tive a sensação de poder tocar. Dona de si, e agora de mim, também.
  Ela não sabe, mas naquela noite era ela quem controlava tudo, num piscar de olhos, literalmente. Seus cachos desarrumados, do tipo “acordo assim todos os dias” podiam se enrolar em mim dia e noite, não me importaria nem um pouco.
  Bebi mais uma cerveja, minha amiga das horas difíceis; sempre pronta pra me arrancar a timidez. Dancei do lado daquela autenticidade toda, não precisei dar uma palavra. Ela me sacou. Beijou minha boca e minha alma, manchou de batom vermelho  a bendita barba por fazer. Sorriu como se não fosse culpada, parecendo criança pega no flagra. 
   Ela domina com tanta naturalidade que eu nem me importaria em ser chamado de capacho pelos meus amigos. Ousa, sem parecer uma estranha, faceira nesse mundo de tanta insanidade. Hipnotiza-nos pobres mortais, nos embebeda só por existir.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Entre todas as coisas

  Gosto de você pela manhã se perdendo entre as cobertas, acordando só quando distribuo beijos do seu queixo até o dedão do pé. Gosto de nós dois brigando pelo último gole de café. Gosto quando você sai pela porta, mas volta porque se esqueceu de me desejar “bom dia”.
  Gosto quando você me liga no meio do expediente pra marcar um almoço naquele restaurantezinho da avenida. Gosto de você cantando, desafinado, as músicas que tocam no rádio do carro. Gosto de você imaginando que somos perfeitos, ou que seremos um dia. Gosto de quando você chega atrasado, e desarma minha cara feia com um beijo na testa, outro na nuca... Só pra começar.
  Gosto de quando a gente faz palavras cruzadas juntos no domingo de manhã. Gosto de você dividindo comigo o último pedaço de bolo de milho. Gosto de nós dois passeando de mãos dadas pela rua, como se só nós existíssemos por aí. Gosto de quando você libera uma gaveta no seu armário bagunçado pra guardarmos minhas coisas.
  Gosto de você sério enquanto presta atenção no noticiário, gosto da luz do sol refletindo na sua bochecha no fim da tarde. Gosto de você entender as minhas manias, e até copiar algumas.
  Gosto de você me deixando escolher o sabor da pizza de sábado. Gosto da sua cara nas fotos espontâneas espalhadas pela sala. Gosto de você fazendo careta quando eu brigo contigo. Gosto quando você deixa de lado a minha teimosia, e volta pra cama depois da briga. Gosto quando você me pede ajuda pra escolher a camisa. Gosto de você planejando os lugares que vamos conhecer juntos. Gosto dessa vida.
  Gosto de você, entre todas essas coisas. Gosto de você por todas elas. Gosto de você por você.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Anúncio de jornal

Leia e ouça: Everyday is exactly the same

Te vi hoje ali na banca da esquina, folheando revistas e fumando um cigarro. Pedi o isqueiro emprestado, falhei na minha promessa de dar dias de glória aos meus pulmões.
Não sou de reclamar, mas é que essa vida anda tão traiçoeira comigo... Perdi o emprego e o marido. E agora cá estou pedindo fogo á um estranho que parece tão perdido quanto eu.
  Saí da banca com os classificados debaixo do braço, a bolsa vazia e o coração quebrado. E você seguiu pro outro lado, atravessou a rua e sumiu entre os becos.
Circulei vagas de todas as páginas, bati em portas que se fecharam sem nem me deixar entrar. Dias de cão, terei de me acostumar, de fome não morro, só não quero morrer de solidão.
  Deixei meu número com o dono da banca pra caso um dia você volte, venha me procurar. Moro no fim da rua, e faço um bom café, podemos conversar... É que moço, eu preciso de mais do que um anúncio de jornal. Eu quero é minha vida de volta, com direito a jantar na mesa e peito pra servir de cama no fim do dia. Motivos pra voltar pra casa, alguém que me devolva a alegria.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Amor em sete sentidos

Leia e ouça: Oceans (Acoustic)

  O amor é uma coisa que se faz. O amor é uma coisa que se faz de olhares - desde o primeiro, curioso, até aqueles olhares demorados pela manhã quando a gente acorda juntos - é algo que se faz de intermináveis esperas, sejam elas as das primeiras respostas no whatsapp ou a do fim de semana na praia pra ficarmos grudados.
   O amor é feito de muitos “ões”. Idealizações, ligações, concessões, canções, e discussões...É feito de perguntas sem respostas, e de vírgulas e tudo o mais. Tem o azul do céu de março, quando nos conhecemos; o laranja daquele lírio que colheu pra me dar; o rosa do meu batom que manchou tua boca naquele beijo roubado.
O amor tem gosto de bala de canela, quente e refrescante ao mesmo tempo.
  O amor é uma coisa que se faz, na cama, na sala ou na cozinha. Mas que se faça todos os dias, e não apenas com palavras. Que se faça amor preparando o jantar no meio da semana, respeitando o direito de sair de casa vestindo saia curta ou bermuda rasgada ,ou dividindo a última Calipso do pacote.
  O amor é uma coisa que nasce. Em Lisboa, Paris, Londres, na Rocinha, no Alemão, em Moema, na Freguesia, aqui ou lá. Porque existe amor em SP, e em qualquer outro canto do mundo, sim.
Amor tem a voz de Caetano, de Tiago, de Maria, de Ana, de Malu, de Cícero. Tem a minha voz, e a sua também.
Amor tem cheiro de pipoca de cinema – daquele filme que não assistimos por motivos óbvios- tem cheiro de flor de cerejeira do perfume dela, tem cheiro de casa quando a gente se encontra no peito do outro.
   Amor é coisa que se faz aos poucos, e que sempre se espera que dure muito.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O trem da vida

Leia e ouça: Forasteiro
   A vida é mesmo esse vai e vém, esse entra e sai. Uns tais encontros, outras tais despedidas. É um misto de emoções; a felicidade de chegar e a tristeza de ir, ou a alegria de voltar e a angústia que aperta ao partir. Às vezes acho que a vida é como aquele poema de Bandeira, ou como a música de Maria Rita. Sábios, donos de sábias palavras e nobres sentimentos.
  Vejo pessoas chegarem e partir em minha vida. Gente que chega sem pedir licença ou que vai sem dizer porquê. Gente que se foi pra sempre, gente que veio pra ficar.
Sei que toda essa gente deixa um pouquinho de si pra trás, ou uma esperança pra frente. Deixa o cheiro no travesseiro, a flor na janela, o beijo na testa, o tempero no feijão.
  Sabe, a vida pode ser um trem. Às vezes acelerada, às vezes preguiçosa, e que leva pra lá e pra cá histórias que precisam ser compartilhadas, memórias pra serem guardadas; basta comprar sua passagem e seguir viagem nesses trilhos que vão nos levar sabe-se lá pra onde.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Seja o amor da sua vida

 Leia e ouça: Love is a verb 

  Chega 
dessa história de inventar alguém perfeito e ficar procurando pelos quatro cantos do mundo. Quando você desistir dessa busca incessante pela perfeição, eu garanto, estará um passo mais perto da felicidade. Isso serve pra você também, não tente ser a pessoa certa pra alguém.
  Sabe aquela história de que homem tem medo de mulher segura? Tudo mentira. Homem, homem mesmo, gosta sim de ter do lado alguém que não tenha medo de dizer "não" quando preciso; alguém que saiba tomar decisões — isso inclui escolher o restaurante que vocês vão jantar e não ficar naquele tedioso "tanto faz, o que você escolher tá bom". Assim como nós mulheres, eles gostam de gente que sabe deixar sua marca no mundo.
   Antes de se apaixonar por qualquer pessoa ao seu redor, se apaixone por você. Não, não se apaixone, ame. Ame você mesma. Ame o seu reflexo no espelho de manhã, toda descabelada e com a cara amassada. Ame aquela gordurinha na parte interna da sua coxa, ame-se de vestido de marca e de pijama de malha também...
   Parece bobagem, e até meio papo de mãe. Mas é verdade. Aprender a se amar tem a ver com amadurecer. E olha só, amadurecer começa com amor — próprio e ao próximo. Por isso o segredo é ser o amor da sua vida, porque amar é fazer morada em outro corpo e pra mudar-se de si precisamos ter sido bem cuidados primeiro. O amor é uma brisa e não avisa quando vem, então esteja pronta.