domingo, 22 de fevereiro de 2015

Mania de você

  Leia e ouça: Monomania

  Dia desses uma amiga me disse "Quando Clarice Falcão começa a fazer sentido na sua vida, já era." Bom, então eu sinto em afirmar pra mim mesma, e confessar pra minha amiga, que já era. Seja lá o que já era queira dizer... Talvez já era queira dizer que enquanto Clarice tenta descobrir quem vai comprar esse cd sobre uma pessoa só, eu tento entender porque é que eu só consigo escrever sobre você. 
  Ou talvez já era queira dizer que seria bom eu procurar um médico, porque não é normal pensar em alguém tanto assim. Pensando bem, já era só quer dizer que não adianta nada jurar pra mim mais nada, porque sempre vou encontrar um pedacinho de você por aqui. Vou encontrar você nas músicas, nos livros, nos sabores, nos filmes de domingo, nos sonhos, e até nas minhas noites de insônia.
  E a verdade é que não importa quantos textos eu escreva, ou quantas canções da Clarice eu escute, apesar de você conseguir se encaixar nas palavras, ou dos versos me provocarem risadas porque me lembram você, apesar disso parece que ainda não é o suficiente. Essa mania que eu tenho de te achar por onde vou, e a certeza de que nem as notas dós conseguem dizer tudo. Talvez, já era queira dizer que eu me apaixonei. E talvez já era seja  queira dizer o mesmo que as minhas pernas bambas,mãos frias, borboletas no estômago e um coração sortudo por te encontrar. 
  

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Agora é o resto de nossas vidas

  Leia e ouça: Under Control

  É engraçado pensar no fim. É triste, até trágico, mas engraçado. Engraçado talvez porque eu nunca tinha pensado no fim antes dele acontecer... Antes de saber que bastou uma hora pra colocar um ponto final - ou seria uma interrogação? - nos últimos cinco anos da minha vida.
   Digo interrogação pelo sentimento inevitável de dúvida que me invadiu depois do fim. É bobo. eu sei, mas também típico de mim, e você que diz me conhecer tão bem já deveria esperar, essas minhas perguntas tolas, minhas questões existenciais, e todas as outras babaquices que eu falo ou invento e você tanto gosta de jogar na minha cara agora que chegamos ao fim.
   Me pergunto onde é que nos perdemos, e você me responde na ponta da língua "a gente se perdeu no momento em que a gente se encontrou". Pensando bem, acho que foi isso mesmo, num relacionamento - por mais maluco que ele seja - a gente acaba se perdendo um pouco para  encontrar o outro. É, eu perdi minha mania de dormir com os pés cobertos, porque você sempre roubava o cobertor pra esquentar seus pés gelados. Você, em compensação, perdeu a mania insuportável de ver filmes do Godard pra passar as tardes de domingo assistindo Transformers deitada no meu colo.
   Eu, um nerd que usa camiseta listrada, óculos de armação grossa e escreve roteiros que nunca serão filmados só porque não sabe fazer outra coisa da vida, encontrei você uma patricinha não-assumida, que mantém a pose até pra terminar um namoro, e chora na porta do banheiro com medo das próprias decisões impensadas - ou será que foi por amor ainda sentido, mas guardado escondido? Nós, dois ímpares que fomos um par por tempo suficiente pra marcar nossas próprias vidas com o cheiro e o suor um do outro.
   Isso é só o fim, o que importa já foi feito. A gente já dividiu a mesma cama ainda que não dividisse os mesmos gostos, e aceite você ou não, sua maluca - a garota mais maluca que eu já conheci na vida - o nosso amor foi sim como McDonalds, e você foi o meu número um sem picles. É engraçado perceber que só quando se chega ao fim é que a ficha cai, e todas as coisas que a gente não disse parecem desentalar da garganta... Como agora, eu preciso te dizer que eu odiava visitar aquela sua tia com sete gatos, eu odiava os biscoitos que ela preparava pro café, eu odeio café. Talvez, o fim precisasse acontecer mais vezes pra que tivéssemos coragem de dizer tudo o que a gente sempre tem a dizer e não diz.
  E eu sei que eu vejo filmes demais, e que eu vou acabar te amando pra sempre. Eu vou mesmo, e inevitavelmente durante algum tempo eu vou te procurar em todas as outras garotas que eu conhecer, eu vou procurar esse nariz pontudo que você tanto implica, eu vou procurar os pés gelados, eu vou procurar toda essa coragem e toda essa maluquice que você é dos pés a cabeça.É por isso, que eu já sei de antemão que não darei certo com nenhuma delas. Isso não quer dizer que eu vá morrer de amor por você, ou talvez eu morra, você sabe que isso é bem a minha cara... Morrer de amor e continuar vivendo.
  Mas isso, como você mesma disse é o fim. É só o fim. E o que ele representa diante de todas as coisas que vivemos? Diante das 43 rosas que eu te dei durante o nosso namoro? Nada, o que importa já foi feito. Os momentos coloridos já foram, os dias em preto e branco também, o café da manhã com batata frita e coca-cola já era. E agora? Agora é o resto de nossas vidas.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Meu lar

   Leia e ouça:  A nossa casa

  Deixei os sapatos jogados na porta, minha mãe me odiaria ao ver essa cena, com certeza gritaria comigo... Mas eu finalmente estou em casa. Sinto o cheirinho do café, sinto o calor do cobertor que me espera, ouço a tv ligada na melhor cena do meu filme favorito, de repente estou em casa.
  Estou em casa todas as vezes que você me abraça e eu sinto todo o meu corpo se arrepiar como se fosse a primeira vez. A nossa casa é todo lugar, quando você sorri e me aconchega no peito, e o nosso leito não faz diferença nenhuma porque somos um par. A minha casa é quando você fica brava e me olha de canto, tentando não demonstrar. A nossa casa é feita de mato, de tijolos, de barro, de amor e de mar. A minha casa é te namorar.
 Meu lar é beijo com gosto de menta. é carinho e desejo enrolado na cama. Meu lar é esse sonzinho que você faz quando acorda, e depois de todos os pesadelos eu sei que vai ficar tudo bem. Meu lugar é bagunçado tanto quanto a cama fica quando a gente faz amor. Meu amor é nosso lar, nosso lar é meu amor.
  A nossa casa é fresquinha e arejada, tem jardim e flor plantada que é pra te presentear. A nossa casa não tem teto e as estrelas são nossa proteção. O meu lar é você, minha casa é seu coração.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Ninguém será ele

    Leia e ouça: I`ll never forget you

    Já faz uns 5 minutos. Cinco ou mais que eu encaro o espelho do banheiro sem desviar o olhar. E por trás de todo esse rímel, do delineado bem feito, e do batom novo que eu comprei semana passada, eu enxergo a minha cara-de-pau. Cara-de-pau de quem meteu os pés pelas mãos mais uma vez. Cara-de-pau de quem feriu sabendo, de quem tentou reparar um erro com outro e agora se esconde por trás de uma máscara - de cílios, e de si mesma.
    Há algum tempo ele se foi e deixou por aqui um vazio. Deixou a cama vazia, deixou umas caixas jogadas, uns livros perdidos, uns discos riscados. Largou tudo e me deixou. Num rompante de segurança, depois de uma prisão que eu mesma me impus. Depois de uma bebedeira daquelas que já previam a ressaca do dia seguinte, eu acabei conhecendo você.
    Você que entre uma dose e outra me fez rir como eu não ria desde quando eu tinha me obrigado a ficar em casa esperando ele voltar. Você que mesmo me conhecendo há menos de um mês me contava dos seus planos e dos seus sonhos. Você que enchia minha bola com vários elogios bonitos -outros mais safados- que toda garota desejaria ouvir. Você que quis entrar na minha vida mesmo com os muros que construí em volta, e tentou se acostumar com essa bagunça que ele deixou. 
    Mas eu, como sempre, coloquei tudo a perder. E eu nem posso dizer que a culpa foi sua, porque eu sei que ela foi minha. Só minha. 
  Você lembra daquele domingo quando fomos a praia num "bate- volta" porque eu queria ver o mar? Quando eu chorei não foi de alívio, foi de saudades. Foi ele quem me levou pra conhecer o mar. Saudades dele. Me desculpe por isso. Me desculpe por ter comprado açaí e colocado granola, eu não sabia que você era alérgico, mas é que ele adorava. Me desculpe por não prestar tanta atenção em você como você merecia, minha atenção ainda está voltada pra saber se ele está bem onde estiver. Me desculpe por ser tão fria e tão amarga, é que tem dias que essa minha mania de esperá-lo virar a chave de casa me entristece tanto.
    Depois dele, todos os outros ficaram meio chatos, sabe? Porque nenhum deles gosta de ficção cientifica como ele amava, nenhum deles me leva a lugares novos até sem sair de casa, nenhum deles me entende como ele me entendia, nenhum deles conversa comigo sobre Drummond, sobre Bauman, ou sobre todas as inutilidades que eu também fui juntando  ao longo da vida. Nenhum deles me faz me sentir mulher segura e menina sapeca como ele é capaz, por mais que tentem. Nenhum deles me deixa dividir tudo o que eu dividia com ele – talvez porque eu não consiga dar essa chance a eles.Nenhum deles me dá vontade de ser eu mesma, nenhum deles me dá vontade de ser quem nós fomos um dia.
    Me preocupa saber que talvez eu tenha deixado a gente ir um pouco longe demais. Apesar de eu nunca ter te deixado deitar na cama, e a gente só ter feito amor - sexo bom, porque amor só fiz com ele - no sofá da sala ou dormido de conchinha no tapete - e até a conchinha que era o meu refúgio já não faz mais a minha cabeça. 
    Eu errei quando te deixei subir aqui em casa, porque tudo nesse apartamento ainda espera ele chegar. Eu errei quando tentei te encaixar e te moldar pra caber num lugar que não adianta, não é seu. E me desculpe por não ter sido sincera desde o começo. Eu fui fraca, egoísta, tanto quanto ele quando saiu porta a fora. Mas o problema é que eu acabei indo junto, sabe?

    Por isso não consigo parar de encarar o espelho, porque estou me procurando. Na esperança de que quando eu me achar também vou reencontrá-lo. Me desculpe por não ser quem você pensava e muito menos quem você merecia. Eu não tinha sequer o direito de te fazer sofrer assim. A verdade é que eu não sou quem você pensa, eu sou um corpo perdido que passeia só por São Paulo, e você precisa de corpo e alma leve que possa e queira te acompanhar pelo seu mundo. Me desculpe por ter te colocado nesse jogo de tentativa-erro que virou a minha vida.
    Eu não deveria ter te ligado no dia seguinte, não deveria ter aceito as flores - eu nem gosto de flores, e assumo que não parei de pensar que ele saberia disso sem nem perguntar- , muito menos ter aceito  essa sua entrega de corpo e de alma nessa relação sem pé nem cabeça. Desde que ele escolheu ir, eu perdi um pouco a cabeça, até quando eu tento esquecer, eu me lembro dele. Lembro dele enquanto sonho e enquanto vivo, me lembrarei dele por aquilo que eu chamo de sempre, lembro dele e não tem jeito tudo ainda é forte demais por aqui, o cheiro, a saudade e a certeza de que ninguém, nem você, será ele.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Carta para o meu ex-futuro namorado

Leia e ouça: It's not time

  Sim, eu sei que é extremamente ridículo te chamar assim. Ex-futuro. Quando foi que o futuro virou passado? Sei lá, não me faça perguntas difíceis. Nem me venha com esse seu jeitinho malandro que eu bem conheço, pra tentar me convencer. Não há mais amanhã para nós. Quer dizer, é claro que há. Eu cá e você lá, pode ser assim? Um coração pra cada lado... Bom, vai ter que servir.
  Eu não vou me lamentar agora. Pra falar a verdade, nem tenho muitos motivos pra isso. Não há rancor aqui, não há nada ruim. Do contrário houve tudo muito bom. O beijo foi bom, o carinho foi bom, o sexo era bom, a companhia, as risadas. Mas pensando bem era só isso, sabe?
  Não que você seja só isso. Eu acredito que você seja bem mais. Só que não comigo. E talvez nem seja uma escolha sua... É só que foi indo, foi rolando, a gente foi se entendendo, a gente foi gostando, mas gostar não é o suficiente pra levar algo adiante.
  Essa história de ir levando e se curtindo, deu certo com a gente. Por isso mesmo é que eu não quero estragar, então é melhor que termine enquanto os dois não se machucam, enquanto os dois ainda conseguem ir as mesmas festas e sorrir bebericando a cerveja enquanto numa troca de olhares se lembram das marcas de batom, dos lençóis emaranhados. É melhor que seja assim.
  O que eu quero te dizer é que você é um cara e tanto. E eu, bom, eu sou uma mina e tanto - você sabe que sou convencida, você sempre ria disso, lembra?. O problema tá exatamente aí, no exagero. Dois tantos transbordam.
  Mas olha, não fica triste não. E quando lembrar de mim, lembra daquele sorvete de chocolate belga que dividimos na praça. Lembra que a nossa relação foi tão gostosa quanto aquele sorvete, a gente se esbaldou, sentiu prazer e foi feliz. A gente aproveitou antes que derretesse. Mas como todo picolé, chega uma hora que só nos resta o palito.
  Eu guardo aquele palito numa caixinha, assim como guardo você no melhor do meu coração.

Com carinho,


Sua ex-futura namorada

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Pedacinhos desaparecidos de mim

  Leia e ouça: Dreaming with a broken heart

  Há tanto tempo não escrevo, perdoem-me as falhas e repetições desse texto, que faço pra relembrar a alma de como é necessário escrever. Também o faço para tentar organizar em palavras as confusões do meu cérebro, e o mais difícil, do meu coração.
 Nessa segunda-feira me deparei pensando nele, de novo, naquele moleque branquelo que me fez amar pela primeira vez do melhor e do pior jeito possível." O que será que você levou embora de mim, ein?", é a pergunta que me faço todos os dias. Eu costumava ser a menina de riso leve e choro fácil, que encontrava um motivo pra sorrir em cada hora do dia. Agora, essa mesma menina anda por aí procurando os pedaços do coração que você levou, e embora eu odeie admitir, a felicidade.
  Ando pensando nisso não por ainda te amar - graças ao tempo esse amor também me deixou - mas sim por não conseguir mais ser a mesma. Meus pais dizem que mudei, meus amigos dizem que mudei, que não consigo mais brincar e aceitar brincadeiras, não dou risada das graças deles, nem faço mais as minhas graças.E tudo isso, por causa desse meu pedacinho de sei-lá-o-que que você levou embora, e outra pessoa terá que me dar de novo.

  Então, se por acaso você estiver lendo isso, por favor me devolve, tá? Meu pedacinho faz falta aqui dentro.


* Texto escrito por uma leitora colaboradora

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A feiticeira

   Leia e ouça: Earned it

   Ah mulher, eu tô aqui deitado me perguntando que magia foi essa que me fizeste. Qual é que foi o feitiço que tu colocaste no meu copo, foi só desejo ou tem amor também? Fiquei intrigado pra saber se o segredo tá nesse seu olhar de quem sabe - e faz- o que quer, ou se tem um pouco dele nesses seus quadris que me envolvem tão perfeitamente no colchão duro do chão da sala.
   Ah mulher, se tu soubesse o quanto me provocas quando mordes despretensiosa esses lábios vermelhos. Me faz desejar que morda os meus, que me morda dos pés a cabeça.Que me tenhas nas mãos, que me tenha os cabelos nas mãos e o corpo todo também. Não tenho medo  nenhum de afirmar que se eu fosse minimamente um poeta como um dia sonhei em ser, serias tu a minha maior inspiração. Tu que por detrás destas lentes me olha, me devora, e me transforma de moleque a homem. Um homem teu.
  Pensando bem, melhor mesmo é manter esse teu mistério que me encanta e me faz viajar em devaneios pra tentar te entender. Porque mesmo em vão, eu tento. Eu tento entender essa tua marra, essa tua independência - que muito me assusta - tento entender essa tua mania de me calar a boca quando falo besteiras demais. Tento entender esses tantos segredos que seu coração trouxe até aqui. E por isso te quero.
   Te quero inteira, com todos os segredos, mistérios, medos, mágoas, sonhos... Te quero sem nada faltar, porque já é tarde pra tentar apagar as marcas que deixaste no meu corpo e na minha vida.

   Esse teu jeito de faz-tudo, tão inteligente sem ser superior. Esse teu papo que fala tão bem de cinema e de videogames, de sexo e de religião, isso tudo é que faz eu me sentir vivo, como talvez eu nunca tenha sentido. Mas como se fosse pouco ser assim -todas as mulheres que desejei desde pirralho numa só - como se nada disso bastasse, sou feliz por você ter feito uma escolha quando piscou aqueles olhos pra mim e quis me dar uma passagem para um paraíso secreto, paraíso esse que se depender de mim não divido com mais ninguém.