Leia e ouça: What's my name
Sexta-feira passada. Um bar numa avenida qualquer, copos cheios e almas vazias. Bom, pelo menos esse era o meu caso. Sentado no balcão, sozinho, bebericava uísque e ouvia pedaços perdidos das histórias de amor e desamor daqueles desconhecidos.
Na segunda dose, ela passou por mim, vestida
de azul combinando com aquele par de olhos que abertos ou fechados na cama,
sempre me faziam pirar. Não foi amor a primeira vista. A gente já se conhecia
de muitas vistas por aí, muitas vistas, visitas... "Na minha casa ou na
sua, hoje?"
Sei que ela nem notou a minha presença. Sei
que ela nem se lembrou de nada. Sei que ela é capaz de se divertir e muito,
sozinha. Sei de tanta coisa que ela nem imagina.
O garçom- como um gênio da lâmpada- me perguntou se eu desejava mais alguma coisa.
Aceitei só mais uma dose, já que ele não poderia me entregar uma bandeja com
aquelas pernas, e aquele corpo que quando Deus inventou jogou a fôrma fora. Era
ela quem eu desejava há tanto tempo, era ela quem eu desejaria por muito mais
tempo.
Num daqueles devaneios de bêbados, comecei e
pensar sobre tudo o que eu já quis com aquela mulher. A garota de cabeça quente
e coração frio. Eu quis uma noite, eu quis mais um beijo, eu quis algo a mais
do que um número na agenda do meu celular.
Eu queria era que ela deixasse de brincar
assim comigo, com esse rebolado que me leva de Vênus a Saturno em um segundo.
Eu queria era que ela fosse má, mas apenas na cama, porque essa maldade toda de
me esquecer na caixinha e depois me reviver, não dá mais.
Eu queria que ela dissesse a verdade - ou a verdade que eu queria ouvir-, que ela
decidisse encarar essa vida comigo. Queria que ela soubesse que é normal ter
medo de amar, mas que amar é muito necessário. Eu queria que ela entendesse que
eu a amo.
Mas no fim de tudo me faltou a coragem de
falar, me ganhou o medo de levar mais um fora daquela boca que um dia despertou
com destreza cada ponto do meu corpo. Acabei querendo só a conta mesmo.
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