quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Você (ainda) está aqui

  Leia e ouça: My love goes free

   Encontrei retratos seus  enfiados numa gaveta trancada, como se quando a gente trancasse as lembranças esquecesse o passado. Revirei as fotos, as cartas, e eu juro que me esforcei pra me lembrar dos nossos sonhos e promessas. Fechei os olhos pra conseguir voltar no tempo, tentando em vão trazer de volta aquele alguém que nós fomos.
  Engraçado é que eu mesma não me reconheci. Tudo parecia um filme, a vida de outras duas pessoas. Outros dois estranhos. Quando foi que nos tornamos estranhos? Ou quando foi que deixamos de ser? Impresso naqueles papéis dois rostos que eu desconheço agora. 
  Não sentir rancor, culpa ou amargura, é errado? Eu não sei. É estranho, depois de tanto tempo perceber que se seguiu em frente.  Engraçado também como o tempo passou rápido. Fácil reparar no quanto mudei - mudamos - nesse tempo. Cabelo, tatuagem, emprego, apê... Conheci outros lugares, e amores, conheci meu lado bom e ruim.
 E eu não me pergunto mais o que faltou ser, sabe? Porque sei que fomos tudo.Tenho sentido uma estranha paz de espírito. Só não me entenda mal, longe de ser alívio, eu ainda te quero bem. Tão bem quanto me quis, tão bem quanto me fez.
 Só queria te contar, onde quer que você esteja hoje em dia, que você ainda é presente por aqui. Você está no sorriso que eu dou pro espelho, me lembrando de me amar em primeiro lugar. Você está nos elogios que faço, pra lembrar o mundo que é importante dizer o quanto quem a gente gosta é especial. Você está nas minhas dores, me ensinando que não há nada que o tempo não dê seu jeito. E você está no meu coração também, me fazendo entender que o amor não tem pressa pra acontecer, que a gente apressa demais o mundo e se esquece de viver.


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