quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Me leve com você

Leia e ouça: Leve
 Nunca segui um rumo nessa vida, todo mundo que me conhece sabe o quão indecisa eu sou, daquelas que não sabe se casa ou compra uma bicicleta. Nunca fui muito pé no chão, vivo é mais com a cabeça na lua, em Plutão ou em Marte. Aliás vivia, né? Hoje eu perdi meus pensamentos num planeta mais perto daqui, mas não tão perto quanto eu gostaria que fosse.
  Eu sou um pouco perdida, um pouco maluca. Ou era, sei lá! É que de repente você me mostrou um mapa pro lugar que eu sempre procurei mas tinha tanto medo de encontrar. Lugar lindo esse, lugar onde eu posso ser quem eu sou sem medo de me perder.
  Vontade de voar já não tenho, mas sei que presa também não sou - e ter essa certeza me dá ainda mais motivos pra ficar. Quero é que morar aqui enquanto puder, e se quiser me levar contigo, vamos! Não precisa nem insistir. Quero é aproveitar enquanto a porta estiver aberta, e a coberta estiver na cama ainda com seu cheiro. Quero é ser leve como o ar pra invadir seu quarto toda manhã, ser discreta mas insubstituível pra você.
 

Um comentário:

  1. AMOR, AMAR

    Como esquecê-la, se na estrela só tem ela?
    Como fazê-la sem tinta ou tela?
    O porquê de ela aparecer ninguém irá me dizer,
    Só sei que em vida não terei como esquecer.
    O cabelo ela jogou na hora certa, pegando-me com a guarda aberta.
    Ela se entrelaça em meu contexto de um jeito,
    Que até o cesto fica mais estreito quando atiro o meu rascunho.
    Sinto psicografadas palavras de próprio punho.
    Quando tudo o que eu queria era Nothing Hill,
    deparo-me com o frio e o vazio de um quarto e cozinha de subúrbio,
    e, por mais estapafúrdio que pareça,
    Minha cabeça se tranquiliza ao ver a camisa que ela esqueceu
    E que preservo pendurada, dela perfumada,
    Vislumbrando um retorno ou pelo menos uma “ligada”.
    Mas que nada! A casa continua desarrumada!
    De que me vale saber a cotação da bolsa de Nova York?
    De que adianta a coleção completa da Bjork?
    Se eu não posso vê-la nem sequer por um minuto?
    Sentir-me de luto, muito antes do óbito!
    Viver somente da lembrança de um amor insólito?
    Não. Quero mais é me desvendar. Quiçá o mundo.
    Mergulhar no mar mais profundo da região Ártica e na Antártica
    Acender uma fogueira ao lado de uma bandeira (brasileira, é claro!).

    Mas por enquanto é só ela que eu vejo no canto do realejo.
    No canto escuro do meu desejo.
    No beijo mais ardente da novela, ela está.
    A me perturbar.
    Eu não sei para onde vão as pessoas do meu vagão do metrô.
    Nem por que a gasolina aumentou,
    Ou o Dólar na Argentina disparou.
    Eu sei que quando a vi, faleci e de novo, nasci.
    Só para ratificar a consistência daquilo que julgo
    oxigênio, essencial ao acordar: amor, amar.

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