Leia e ouça: Singular
Tentei dizer, mas palavra nenhuma saiu. Tentei
explicar, mas a voz ficou assim, perdida no ar. Procurei por todas as palavras
pra escrever num papel. Papel de carta, daqueles cheirosos, pra tu guardar na
gaveta do criado-mudo, e relembrar quando a saudade bater... Não deu.
Parece bobagem, mas é a verdade. É difícil dizer, e
por mais que eu invente palavras novas, crie frases feitas pra te mostrar, não
vai dar. Não fará tanto sentido do lado de fora quanto faz aqui dentro.
Dizem por aí que tudo faz mais sentido quando é
sentido. Acho que é isso. Eu sinto.
Sinto uma alegria enorme quando você chega e traz esse teu sorriso bonito no
bolso. É lindo quando ele sai devagarzinho e pousa na tua boca. Eu sinto uma
vontade doida de ficar quando você me pede mais um carinho, um cafuné, ou pra
ficar sozinho.
Mas eu sei que é tarde, e já tá na hora de ir. Sair
pela porta e ainda assim sentir uma saudade louca dos cinco minutos anteriores.
Saudades de toda a simplicidade que somos quando estamos sós.
Eu sinto que
fomos feitos um pro outro, não assim como as metades da laranja, ou o Romeu e a
Julieta. Fomos feitos pra sermos nós dois, um na vida do outro. Eu fui feita
pra ser teu escudo de proteção, e aquela que você pode procurar quando o seu
universo sofrer um colapso. Você foi feito pra ser a razão em toda a emoção que
eu sinto.
Somos a canção no silêncio de cada um. E seremos
sempre refúgio pros dias ruins que ás vezes parecem infinitos. Os braços que se
entrelaçarão num abraço contínuo, prontos para oferecer um pouco mais de si.
Olhares que apontam para direções diferentes, e é por isso que farão cada um de
nós enxergarmos novas perspectivas.
Eu serei o que você precisar, quando e onde estiver. E
eu sei que não preciso pedir o mesmo, porque você já é tudo isso. Essas palavras
que eu tanto procurei, e que se
esconderam pra não sair, são só pra te dizer que nesse mundo há alguém que
muito te ama, no sentido mais puro e mais bonito da palavra amor, que por sinal
também foi você quem me ensinou.
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