No fundo o que todo mundo quer é isso: um amor abusado. Um amor que transborde aquele querer incontrolável, pele na pele que arrepia.
A tortura de desligar o telefone depois de duas horas contando como foi seu dia, o gostinho de quero mais depois do beijo de despedida. A gente quer abraços apertados que nunca terminem. Jamais desenlaçar os dedinhos finos que parecem ter finalmente encontrado o encaixe perfeito.
Encontrar quem sempre procuramos pra dividir aquilo que sempre sonhamos, e por mais piegas que possa parecer, construir juntos uma história que começa a fazer sentido quando o beijo não quer se acabar e as borboletas querem morar ali no teu estômago pra sempre. O que a gente realmente quer é que as brigas sejam interrompidas por beijos apressados que pedem desculpas desesperadas, quer noites de amor tão longas quanto a espera pra se encontrar no fim de semana seguinte.
O que a gente quer é tão simples, tão puro que até parece inalcançável , inatingível. A gente só quer alguém disposto a dividir a cama de solteiro como se fosse uma king size, alguém que dê o cobertor preferido pra nos aquecermos juntos. Alguém afim de assistir TV de domingo só pelo prazer de estar com a gente, de comer nossa comida sem sal sem mentir que está bom só pra agradar.
Alguém pra contar os dias ruins em que você passou a tarde trabalhando e o chefe nem olhou seu relatório, alguém pra transformar o mau humor num sorriso largo, que seja capaz de ouvir suas besteiras mas tenha o bom gosto de colocar Nando Reis no rádio do carro quando te assistir roendo as unhas de nervoso, porque sabe que nada melhor que uma boa música pra te fazer repensar nos erros cometidos.
Um ser capaz de cometer abusos nessa vida certinha, que saiba a hora de ir e esteja pronto pra voltar por saber a falta que faz. Alguém que queira se entregar e se refazer todo o dia só pela delícia que é amar e ser amado.
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